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Câncer de pâncreas: Porque ele é tão agressivo?

O câncer de pâncreas é uma doença caracterizada pela sua agressividade e difícil detecção, apresentando alta taxa de mortalidade se diagnosticado de forma tardia. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que, atualmente, o câncer de pâncreas seja responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes causadas pela doença no país.

O pâncreas é uma glândula que possui funções endócrinas e digestivas importantíssimas para o organismo. Dentre estas funções, destaca-se a capacidade de produzir e liberar hormônios importantes para a regulação dos níveis de glicose (açúcar) no sangue, como a insulina e o glucagon. Por outro lado, o pâncreas também produz e libera o chamado suco pancreático, um líquido composto por enzimas digestivas que contribui para o processo de digestão de nutrientes no intestino.

Características do câncer de pâncreas

Pela sua grande importância para o nosso corpo, doenças que comprometam a função do pâncreas (como o câncer) são consideradas graves. A forma mais comum do câncer de pâncreas é o tipo adenocarcinoma, tumores malignos que se originam no tecido glandular pancreático. Esses tumores têm como característica alta agressividade e poder de se disseminar para outros órgãos (metástases) com certa rapidez, comprometendo suas funções.

A sintomatologia é outro fator que contribui ainda mais para a gravidade da doença, pois não apresenta sinais específicos. Em geral, os sintomas são mais “genéricos” e comuns a outras doenças, como fraqueza, perda de peso, dor abdominal, olhos e pele de cor amarela, náuseas e dores nas costas, o que prejudica um diagnóstico precoce.

Por esses motivos, o câncer de pâncreas torna-se fonte de grande preocupação para médicos e cientistas. A maioria das mortes relacionadas a essa patologia se deve à capacidade metastática do tumor e ainda faltam recursos terapêuticos para impedir a metástase tumoral. Assim, a ciência busca compreender melhor os mecanismos moleculares que causam a metástase do câncer de pâncreas para que o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes seja possível.

Mecanismos fisiopatológicos da metástase no câncer pancreático

Em um estudo científico publicado neste ano, pesquisadores da Universidade de Osaka, no Japão, descobriram mecanismos inéditos característicos das células tumorais do câncer de pâncreas que propiciam as metástases. Tais avanços permitem um maior entendimento da fisiopatologia da doença, assim como ajudam no desenvolvimento de novos alvos terapêuticos.

Neste trabalho, o grupo de pesquisa analisou amostras de tecido pancreático de pacientes diagnosticados. Os cientistas descobriram que uma proteína sinalizadora localizada na superfície das células cancerosas, chamada ARL4C, tem sua expressão muito aumentada em pacientes com câncer pancreático. A função dessa proteína parece estar ligada justamente na capacidade invasiva das células tumorais, ou seja, a ARL4C exerce um papel decisivo no poder metastático do câncer de pâncreas.

Por meio de uma tecnologia laboratorial inovadora in vitro, os cientistas conseguiram criar um modelo em 3D utilizando um gel de colágeno para “simular” o processo de invasão de células cancerosas no ser humano. Assim, foi possível monitorar a invasão das células cancerosas no gel em tempo real! Além disso, essa metodologia possibilitou a identificação da localização e função da proteína ARL4C nesse processo, pois estas estavam marcadas com uma substância fluorescente, podendo serem observadas com o auxílio de um microscópio.

No entanto, a descoberta mais empolgante foi que a ARL4C se encontrava em estruturas chamadas pseudópodes invasivos. Para ficar mais simples o entendimento, imagine essas estruturas como alongamentos em formato de “pés” que surgem na superfície das células cancerosas e são utilizados para alcançar e invadir outros tecidos. A presença da ARL4C nestas estruturas resultou em modificações na célula, “ativando” outras proteínas e enzimas que permitiram que a mesma invadisse o gel de colágeno. Devido a essa particularidade do câncer de pâncreas, sua disseminação torna-se muito rápida, conferindo alta agressividade para a doença.

A proteína ARL4C como novo alvo terapêutico

A partir desses resultados promissores, o grupo de pesquisa concentrou seus esforços para desvendar se os novos achados possuíam potencial terapêutico. Para isso, com o uso de técnicas de biologia molecular, foi possível bloquear especificamente ao nível gênico (DNA) a expressão da proteína ARL4C nas células cancerosas. Essas novas células sem a presença da proteína foram então implantadas no pâncreas de camundongos e constatou-se que o bloqueio da ARL4C foi suficiente par a impedir a disseminação da doença no animal.

Em resumo, se a ARL4C for bloqueada, as células cancerosas se tornarão menos agressivas e menos propensas a se espalhar. Essa é uma descoberta impactante e pode ajudar muito no desenvolvimento de novas terapias para melhorar o prognóstico de pacientes com a doença. No entanto, é importante ressaltar que estes são resultados preliminares e que necessitam de mais investigações para definir sua aplicabilidade em humanos.

Além do tratamento, o diagnóstico precoce é fundamental!

Apesar dos esforços da ciência para melhorar o tratamento, o diagnóstico precoce ainda é a melhor opção. O diagnóstico do câncer de pâncreas se inicia com a avaliação médica, onde podem ser solicitados exames que incluem exames de imagem, como a ultrassonografia, e de sangue para a análise de biomarcadores, como o antígeno de soro 19-9 (CA 19-9), que normalmente está alterado nesse tipo de doença.

No Grupo Diagnose, realizamos ainda exames chamados painéis genéticos que detectam variações no DNA associadas a um maior risco de desenvolvimento de câncer de pâncreas. Mutações gênicas do tipo BRCA1, BRCA2 e PALB2 podem ser preditivas de uma maior predisposição ao desenvolvimento de câncer pancreático, assim como no câncer de mama e de ovário. Se você possui dúvidas a respeito desse assunto, não deixe de conferir nossa outra matéria onde explicamos detalhadamente estes exames.

A confirmação do diagnóstico é feita por meio de exame histopatológico de amostras obtidas por biópsia do tecido do pâncreas do paciente. Neste exame, o patologista analisa por meio de microscopia as alterações celulares no tecido afetado, estabelecendo o diagnóstico. Para esse fim, o Grupo Diagnose conta com as mais modernas técnicas de imuno-histoquímica e de biologia molecular, como a Hibridização In Situ Fluorescente (FISH), para garantir a excelência e precisão na geração dos resultados.

Lembrete: Somente realize exames após avaliação e indicação médica.

Nós, do Grupo Diagnose, assumimos o compromisso de deixá-los sempre bem- informados e atualizados, trazendo conteúdos relevantes e de qualidade para você.

Referências:

INCA – Instituto Nacional de Câncer de Pâncreas. Câncer de Pâncreas. (2021). Brasil. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pancreas.

Harada, A., Matsumoto, S., Yasumizu, Y., Shojima, K., Akama, T., Eguchi, H., & Kikuchi, A. (2021). Localization of KRAS downstream target ARL4C to invasive pseudopods accelerates pancreatic cancer cell invasion. Elife.

Hosein AN, Beg MS. (2018). Pancreatic Cancer Metabolism: Molecular Mechanisms and Clinical Applications. Curr Oncol Rep.

McGuigan, A., Kelly, P., Turkington, R. C., Jones, C., Coleman, H. G., & McCain, R. S. (2018). Pancreatic cancer: A review of clinical diagnosis, epidemiology, treatment and outcomes. World journal of gastroenterology.

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